Nossas memórias quem há de levar, ter uma lembrança tão viva de nós, sentir o que sentimos, chorar as lágrimas que choramos, conviver com as chances perdidas, desejar e ter enfim.
Nossas memórias quem há de cantar, sorrir nas derrotas, se envergonhar de certas vitórias; um gosto amargo assim, um sentimento estranho. Existe uma rosa que você tenta arrancar a pétala e ela vem com raiz e tudo. Nem tudo é assim tão superficial.
Você pode se ferir com espinhos, mas não vai querer largá-la. Sim, é a mesma força que você usa para tentar arrancar da alma as marcas daquilo que ainda não percebeu que te marcou. Não vai poder apagá-las, já fazem parte de você.
Logo descobrimos que as pétalas não importam mais, o que você sente é muito mais profundo. E você arriscou relembrar alguém, já sente o que ele sente, ele exala seu aroma. Agora são apenas um. E as memórias se confundem.
As suas memórias já posso recordar, já sei me desviar de todos os espinhos. Posso me orgulhar sem transbordar o cálice do vinho, com lágrimas que jamais foram minhas.
Suas memórias estão no livro que ainda tem páginas em branco, pois com nenhum apelo somos capazes de escrever o final. As suas, as minhas, as nossas memórias; a rosa, o cálice, o livro; os espinhos, o vinho e as páginas. Sim as páginas sujas de sangue por culpa dos espinhos. E o vinho tão fraco, facilmente explicável.